Turismo macabro


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O que é o turismo macabro?

08 de setembro de 2020 - Drica Cestari

Você já ouviu falar de tanaturismo ou turismo macabro? O tanaturismo é um tipo de turismo que envolve viagens a lugares historicamente associados à morte e à tragédia.


O termo é uma junção das palavras "Tânato" e "turismo". Tânato, ou Tânatos, é a personificação da morte na mitologia grega. Filho de Nix, a noite, e Érebo, a escuridão, Tânato tem Leto ("Letum" em latim) ou Morte ("Mors" em latim) o seu equivalente na mitologia romana.

A atração para visitar locais sombrios pode estar relacionada ao valor histórico e não às associações dos lugares com a morte ou o sofrimento. O que separa o turismo histórico do tanaturismo é tema de discussão entre pesquisadores do tema.

Embora haja uma longa tradição de pessoas que visitam cenários de morte recentes e antigos, como viagens para jogos de gladiadores no coliseu romano, comparecimento a execuções públicas e visitas às catacumbas, este tema ainda é pouco estudado.

O tanaturismo também é chamado de tanatorurismo, thanaturismo, thanatorurismo, turismo macabro, turismo sombrio, turismo mórbido ou turismo de luto.

Os destinos mais comuns do tanaturismo incluem: castelos; campos de batalha; antigas prisões; calabouços; locais onde viveram assassinos em série como Jack, o Estripador; locais de desastres naturais; locais de desastres humanos, como extermínios e genocídios ou atentados terroristas - estes incluem Hiroshima, o campo de concentração de Auschwitz na Polônia, Chernobyl e o Ground Zero (Marco Zero) em Nova Iorque, memorial dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Museu do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau
Mais de dois milhões de pessoas visitaram o Museu do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau no ano passado.

Atualmente, há muitos estudos sobre definições, rótulos e subcategorizações, como turismo do Holocausto e turismo de herança escravista, e o termo continua a ser moldado fora da academia por autores da literatura de viagem.

O tanaturismo, ou turismo sombrio, também pode ser visto como uma oportunidade econômica. Além do interesse por lugares históricos, o tanaturismo atrai visitantes que desejam experimentar um novo tipo de experiência.

A ideia não é muito diferente do terror como gênero literário, cinematográfico ou musical. Vinculado à fantasia e à ficção especulativa esta categoria atrai milhões de pessoas que buscam experiências variadas na pintura, no desenho, nos filmes e na fotografia.

Em diversas áreas da arte uma parte dos consumidores é ávida pelo medo, que é gerado a partir de vulnerabilidades da mente humana à situações e sensações que causam algum tipo de desconforto mental. O terror pode ser um terror psicológico, utilizando medos ou fobias ou explícito. Já o suspense (ou thriller) é um gênero que causa agitação ou suspense no espectador. Neste gênero, a tensão é criada através de situações elaboradas pelos autores das obras.

Sono e o seu Meio-irmão, Morte de John William Waterhouse
Pintura "Sono e o seu Meio-irmão, Morte" de John William Waterhouse. A pintura concluída em 1874 retrata Hypnos (sono) e Thanatos (morte), irmãos na mitologia grega.

Na literatura, o terror surgiu a partir do folclore e tradições religiosas. Histórias com bruxas, lobisomens, fantasmas, vampiros e outros tipos de criaturas tornaram-se populares. Com a introdução da arte cinematográfica o gênero foi subdividido em várias áreas, muitas delas com origens em obras literárias como Drácula e Frankenstein.

Em 2012 foi lançado o filme "Dark Tourist" ("Turista Sombrio" em tradução livre) também conhecido como The Grief Tourist ("O turista do luto"), dirigido por Suri Krishnamma e estrelado por Melanie Griffith, Pruitt Taylor Vince e Michael Cudlitz, que interpreta um guarda de segurança que se dedica ao turismo sombrio.

Em 2018, a Netflix lançou "Turismo Macabro" ("Dark Tourist" no original). Apresentada pelo jornalista David Farrier, esta série de oito episódios visitou vários locais sombrios procurados por turistas de todo o mundo, como: o local da morte de Pablo Escobar na Colômbia; a Central Nuclear de Fukushima no Japão; excursões que visitam os locais relacionados ao assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy em Dallas; a cidade-fantasma de Varosha, no Chipre; locais de prática vodu na África; entre outros.

A busca por experiências peculiares também atrai um público considerável todos os anos. O turismo em carcerárias, por exemplo, não é bem uma novidade. Algumas prisões históricas como Alcatraz em São Francisco são as principais atrações em todo o mundo. Antes da pandemia, a Ilha de Alcatraz atraia anualmente aproximadamente 1,7 milhão de visitantes.

Ilha de Alcatraz, localizada na Baía de São Francisco, Califórnia, Estados Unidos
A ilha de Alcatraz, localizada na Baía de São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. Inicialmente, Alcatraz foi utilizada como base militar, e, depois, uma prisão de segurança máxima.

Algumas prisões foram convertidas em museus e até hotéis de luxo. Em outras carcerárias, o turismo pode ser feito em alas separadas aos internos. Na Colômbia, uma prisão feminina tem um restaurante administrado pelas próprias presidiárias.

No Brasil existem alguns exemplos também de presídios que foram fechados e, depois, transformados em museus e locais de visitação.

A Ilha Grande, popular destino turístico em Angra dos Reis, litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, serviu de presídio político no início da república. Em 1940, a colônia agrícola correcional foi transformada num presídio com capacidade para aproximadamente mil detentos. O Instituto Penal Cândido Mendes se tornou célebre após a publicação em 1953 de Memórias do Cárcere, livro de memórias de Graciliano Ramos, preso durante a ditadura do Estado Novo.

Em 1994, o presídio foi demolido pelo governo fluminense, após apelo dos habitantes do município e dos visitantes da ilha. A população local pediu o fechamento do presídio após fugas de presos. Quatro anos depois, foi inaugurando no local o Centro de Estudos Ambientais e Desenvolvimento Sustentável, administrado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Praia da Feiticeira, Ilha Grande, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brasil - Foto: Valdiney Pimenta
Na Ilha Grande, destino turístico do litoral sul fluminense, o presídio esteve em atividade até 1994 - Foto: Valdiney Pimenta.

Na capital da Bolívia, a prisão de San Pedro (El penal de San Pedro) é conhecida por ser uma sociedade em si mesma. Diferente da maioria das penitenciárias, seus três mil presidiários têm empregos dentro da comunidade, compram ou alugam suas acomodações e frequentemente moram com suas famílias. Embora o turismo na prisão de San Pedro seja ilegal, estima-se que a prisão já teve aproximadamente 50 visitas diárias.

A Tailândia, para sobreviver à recente crise no turismo mundial, adotou uma ideia para atrair turistas dispostos a se hospedar em centros de detenções. Um projeto piloto está em fase de testes em cinco prisões. O país planeja transformar cerca de metade de suas prisões em atrações turísticas para aumentar o número de visitantes.

O país já tem alguma experiência neste tipo de turismo. As ilhas de Ko Tao (Koh Tao) e Ko Tarutao, populares destinos turísticos tailandeses, já foram utilizadas como prisões.

O termo turismo carcerário também pode se referir a ida de parentes às cidades com presídios de grande porte, como os de segurança máxima. Este tipo de turismo movimenta vários setores na cidade como: hotéis, padarias, mercados e transporte. No modelo proposto pelo governo tailandês, também chamado de turismo carcerário ou prisional, o turista se hospeda no presídio e pode conhecer as atrações turísticas do país.

Catacumbas de Paris, Paris, França
Há grupos de aventureiros que se dedicam a explorar os subterrâneos de Paris além do ossuário. Geralmente o fazem aos finais de semana, como espeleologistas. São chamados de "cataphiles".

Mais de 480 mil pessoas visitam anualmente as Catacumbas de Paris. Estes ossuários subterrâneos foram criados no século XVIII como parte do esforço para eliminar os vários cemitérios da capital francesa. O local, que guarda os restos mortais de mais de seis milhões de pessoas, permaneceu amplamente esquecido até se tornar um lugar novo para concertos e outros eventos privados no início do século XIX. Após reformas e construção de acessos ao redor da Place Denfert-Rochereau, as Catacumbas foram abertas à visitação pública a partir de 1874.

Desde 2013, as Catacumbas estão entre os 14 museus administrados pela Paris Musées, instituição pública francesa responsável pela gestão, acompanhamento do acervo e produção de exposições, eventos e edições da Cidade Luz.

Os "cataphiles" são pessoas que se dedicam a explorar os ossuários e os subterrâneos de Paris. Geralmente, os aventureiros o fazem aos finais de semana.

Existe, inclusive, uma entidade que estuda o turismo macabro na Inglaterra. O Institute for Dark Tourism Research - iDTR ("Instituto de Pesquisa do Turismo Macabro" em tradução livre) é um centro acadêmico para bolsas de estudos, pesquisa e ensino do turismo macabro. Este instituto, líder mundial no tanaturismo, está sediado na University of Central Lancashire (UCLan), uma universidade pública sediada em Preston, no condado inglês de Lancashire.

Este instituto realiza consultas, pesquisas e publicações sobre o apropriado desenvolvimento, gerenciamento, interpretação e promoção de locais de turismo macabro, assim como suas atrações, exposições e a compreensão das experiências turísticas; além de promover pesquisas éticas sobre a compreensão científica social de locais turísticos de mortes, desastres ou aparentemente macabros.

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Site oficial:

Site oficial do Institute for Dark Tourism Research (iDTR).

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